Reciclagem de policarbonato: chapas trapezoidais e onduladas a partir de resíduos
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Reciclagem de policarbonato: chapas trapezoidais e onduladas a partir de resíduos

Jul 21, 2023

A sustentabilidade precisa ir além de discursos e promessas inspiradoras, com ações visíveis e concretas. Para ver esta mudança, é essencial que indivíduos, empresas e governos assumam responsabilidades e atuem de forma sustentável nas suas vidas e práticas quotidianas. Ao levar em conta os impactos ambientais e sociais das suas decisões e ao procurar alternativas mais conscientes e responsáveis, podem tomar medidas para garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. Na indústria da construção isto é ainda mais urgente. Responsável por grande quantidade de resíduos sólidos e emissões de gases de efeito estufa, é fundamental que esta indústria adote práticas sustentáveis, como a reciclagem, para minimizar os impactos ambientais.

No entanto, embora os processos de reciclagem de produtos tenham avançado significativamente nos últimos anos, ainda existem alguns desafios associados à utilização de materiais reciclados. Isso se deve a diversos fatores, como desempenho e durabilidade, ou mesmo pela dificuldade de obtenção de matéria-prima adequada. Mas também há exemplos de sucesso que mostram as possibilidades dos materiais reciclados.

No caso da empresa alemã Rodeca – produtora internacionalmente reconhecida de sistemas translúcidos para fachadas e coberturas – o desenvolvimento de produtos feitos com material 100% reciclado demonstra o potencial da economia circular aplicada à construção. Aproveitando o tema da BAU deste ano, que é a construção ambiental e climática, a empresa expõe suas chapas trapezoidais e onduladas “PCR” feitas de policarbonato 100% reciclado.

Esse material, que impressiona pela translucidez e leveza, tem vida útil de 10 a 15 anos e, após seu descarte, pode ser retrabalhado e utilizado em diversas outras aplicações, inclusive no setor de construção. Assim, pode-se dar-lhe uma nova vida, evitando a sua eliminação quer em aterros, quer em queimadas. As chapas produzidas são divididas em dois grupos, de acordo com a matéria-prima:

No primeiro, o produto final –chapas trapezoidais ou onduladas– pode ter diversas tonalidades, inclusive opções translúcidas. Neste caso, a qualidade do resíduo industrial reciclado é quase tão boa quanto a da matéria-prima virgem, uma vez que o produto passou por apenas um processo de degradação térmica. Neste último grupo, porém, apenas cores opacas são possíveis, pois os grânulos costumam ser misturados com mais de um tipo e acabam opacos.

O processo de produção dessas peças recicladas inclui algumas etapas. Depois de coletadas e classificadas, as peças de policarbonato são trituradas, derretidas e extrusadas em fios, chamados de “espaguetes”. Depois disso, são regranuladas para se tornarem as chapas “PCR”, com espessura de 0,9 mm e disponíveis em diversos tamanhos e acabamentos.

Neste caso, a peça resultante mantém grande parte das qualidades do original, mas torna-se um produto diferente. Segundo Rodeca, “Não existe reciclabilidade infinita. O policarbonato, por exemplo, não é uma matéria-prima renovável, mas é definitivamente reciclável. exposta à contaminação e ao envelhecimento." Embora existam materiais, como o aço, que permitem a reciclagem sucessiva com perda mínima de desempenho, há muitos outros cujo produto resultante acaba por se tornar inferior, existindo um limite para o seu reprocessamento. No caso do policarbonato, embora algumas especificidades possam mudar, continua a ser um produto de grande utilidade.

Além disso, existe um importante debate em torno da utilização de materiais reciclados na indústria da construção, que se relaciona com o preconceito em utilizar materiais que foram reprocessados. Mesmo nas Declarações Ambientais de Produtos (DAP), existem lacunas de conhecimento que reduzem as suas possibilidades de utilização em alguns edifícios. "Os materiais de construção reciclados não conseguirão afirmar-se sem uma cultura de autoridade de construção aberta. Não só em detrimento dos produtores, mas também dos processadores, dos consumidores e, em última análise, do ambiente, uma vez que o material tem de ser 'reciclado' termicamente." Portanto, a tolerância é um factor importante para a conservação dos recursos e, portanto, para a sustentabilidade.